A narcolepsia é um distúrbio neurológico caracterizado por sonolência diurna excessiva, paralisia do sono e alucinações. Além disso, os pacientes narcolépticos, às vezes perdem a fronteira entre o sonho e a realidade. Mas, talvez como uma forma de compensação, a natureza também dê bônus: essas pessoas são mais propensas a ter sonhos lúcidos (SL) e ter habilidades criativas.
Um grupo de cientistas da Itália estudou a influência da pandemia de coronavírus no sono, enquanto conduzia uma análise comparativa de pacientes narcolépticos com um grupo de controle de pessoas saudáveis. Os autores acrescentam que é muito cedo para tirar conclusões finais de seu trabalho, inclusive por causa da pequena amostra: a narcolepsia é uma doença rara (afetando 0,02–0,06% dos adultos), e os pesquisadores encontraram apenas 43 pessoas (mais 86 participantes saudáveis).
Durante a pandemia, as pessoas geralmente relataram mudanças no sono, aumento na frequência de lembranças de sonhos e aumento no número de pesadelos (incluindo aqueles relacionados ao coronavírus). No entanto, ao comparar pacientes narcolépticos com respondentes saudáveis, os pesquisadores notaram que os pacientes narcolépticos são mais propensos a ter sonhos lúcidos, e esta talvez seja a principal diferença entre os grupos de indivíduos.
Os autores dividiram os sonhadores lúcidos em “sonhadores pouco lúcidos” e “sonhadores altamente lúcidos”. O primeiro grupo experimentou SL não mais do que 2/3 vezes por mês; o segundo – de uma a várias vezes por semana. Os “sonhadores altamente lúcidos” costumavam registrar mais os sonhos e anotar mais sonhos que influenciavam a criatividade ou ajudavam a resolver problemas diurnos.
Uma ligação direta entre narcolepsia, criatividade, sonhos lúcidos e a pandemia ainda não foi confirmada. Mas os autores sugerem que, por meio dos SL, os narcolépticos desenvolveram uma estratégia para neutralizar o conteúdo negativo dos sonhos (popular durante o período do coronavírus), lembrando que a conscientização ajuda no combate aos pesadelos.
O artigo foi publicado na revista Frontiers in Psychology em maio de 2021.



