Em 2014, um estudo sensacional foi publicado por cientistas alemães liderados por Ursula Voss. Alega-se que sonhos lúcidos foram induzidos com sucesso através de estimulação transcraniana por corrente alternada (CA). A estimulação elétrica usando uma corrente de frequência de 40 Hz foi aplicada durante o sono REM para aumentar a atividade normalmente lenta do cérebro adormecido para uma frequência próxima à vigília.
Até recentemente, ninguém tentou reproduzir os resultados do estudo para corroborar a eficácia do método. No entanto, em agosto de 2020, pesquisadores do Dream & Nightmare Laboratory em Montreal publicaram dados de um novo experimento com entradas semelhantes para determinar se uma frequência de 40 Hz poderia induzir a lucidez do sonho durante o sono.
Os participantes do experimento foram convidados a um laboratório do sono, onde realizaram dois procedimentos: no primeiro dia, durante o sono diurno, os técnicos aplicaram estimulação na fase do sono REM, enquanto no segundo dia os participantes dormiram sem estimulação. Os participantes foram acordados e convidados a compartilharem suas experiências. Uma das diferenças importantes em relação ao experimento anterior foi o uso do método de registro de sonhos lúcidos monitorando o movimento dos olhos.
Os resultados do estudo foram baseados em relatórios e gravações de 27 sonhos estimulados por CA durante o dia e 23 sonhos não estimulados. Na primeira categoria, 5 participantes tornaram-se conscientes de si mesmos em um sonho, o que foi confirmado com sucesso por registros de movimentos oculares. A última categoria, entretanto, também continha 4 sonhos lúcidos. Assim, o experimento lança dúvidas sobre se a estimulação elétrica pode ter um impacto na incidência de sonhos lúcidos. Talvez seja por isso que ainda não foi desenvolvido um único dispositivo eficaz com base nesta tecnologia.
A pesquisa foi publicada na revista Consciousness and Cognition.