Nirit Soffer-Dudek da Universidade Ben Gurion de Negev, Israel, fez essa pergunta no artigo publicado em janeiro de 2020 na revista Frontiers in Neuroscience. Segundo a pesquisadora, as técnicas de indução deliberadas de sonhos lúcidos têm se tornado cada vez mais populares nos últimos anos devido à frequente menção do fenômeno na mídia e na cultura popular. No entanto, também há um lado negro na popularização desse fenômeno.
Por que as pessoas desejam induzir sonhos lúcidos voluntariamente? Em parte porque são tentadas a entrar em um estado alterado de consciência sem o uso de substâncias e a realizar ações que são impossíveis na vida real. Muitos cientistas acreditam que os sonhos lúcidos têm um efeito positivo na psique humana, ajudando-nos a superar os medos e a nos curar, bem como a desenvolver a criatividade e resistência ao estresse. Porém, existem poucos estudos sobre esse tema e suas descobertas são ambíguas.
Soffer-Dudek, por outro lado, sugere que a indução deliberada frequente pode ser prejudicial à saúde mental do sonhador: leva a perturbações do sono e, em alguns casos, pode até apagar os limites entre a realidade e a fantasia. A consciência crítica geralmente está ausente durante o sono normal, porque nosso cérebro suprime a atividade cortical durante o sono. Nos sonhos lúcidos, porém, tentamos resistir a essa supressão, que no caso de tentativas frequentes também pode, supostamente, levar a riscos potenciais à saúde.
De risco particular é a técnica popular de fragmentação do sono – alguns estudos mostraram que a função soneca do despertador interrompe a vigília e os ciclos do sono e, em casos de abuso, leva ao estresse e à depressão. Se os riscos potenciais se aplicam a certas populações, resta ser demonstrado por pesquisas adicionais.